domingo, 2 de outubro de 2011

Depressão na terceira idade


A depressão é um quadro clínico que se manifesta em pessoas de todas as idades, inclusive em idosos. Os profissionais de saúde devem ter o cuidado em diferenciar tristeza e depressão, já que ultimamente o termo “depressão” está banalizado e muitas pessoas utilizam a expressão “estou deprimido” quando, na verdade, deveriam dizer “estou triste”, “estou chateado”. A tristeza é uma condição normal, decorrente de vivências e acontecimentos do nosso dia-a-dia, que passa num curto intervalo de tempo, enquanto que, resumidamente, a depressão é um transtorno que afeta o humor, manifestando-se pelos seguintes sintomas, os quais permanecem por um período de tempo mais longo (reforçando-se que nestes casos é essencial buscar ajuda profissional):

Rebaixamento do humor, redução da energia, diminuição da atividade, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, fadiga, problemas do sono, diminuição do apetite, diminuição da auto-estima e da autoconfiança, lentidão psicomotora importante, agitação, perda de apetite, perda de peso e perda da libido (CID-10, 2008).

O familiar, cuidador ou profissional da saúde que atende idosos deve estar atento para o aparecimento destes sintomas em seu familiar / paciente, visto que a depressão é muito comum em idosos, principalmente em função de alguns acontecimentos comuns a esta faixa etária, os quais serão expostos a seguir. Importante destacar que nem sempre estes acontecimentos ocasionarão depressão.

A dependência é um destes acontecimentos. Nem todos os idosos ficarão dependentes. Aqueles que, em função de algum problema de saúde ou consequência de acidente passam a depender dos outros para a realização de tarefas simples como, por exemplo, tomar banho, vestir-se e alimentar-se (e estão lúcidos, têm consciência do que está acontecendo), costumam se sentir impotentes e com baixa auto-estima. Isto pode ocasionar a depressão, dependendo da forma como o idoso lidará com a situação.

As perdas também são fatores que podem estar associados à depressão do idoso. Envelhecer acarreta consigo uma série de perdas: de entes queridos (morte), de papéis sociais (aposentadoria), a consciência de sua própria morte, perda da saúde e da imagem da juventude são exemplos de perdas que acontecerão no decorrer do processo de envelhecimento. Como a maioria delas é inevitável, é importante que o idoso aprenda a lidar com as mesmas, numa estratégia de prevenir maiores impactos, os quais poderiam ser fatores de risco para o surgimento da depressão.

Os efeitos colaterais de algumas medicações podem parecer sintomas depressivos, tais como os transtornos do sono, da alimentação e a lentidão psicomotora, e é importante que o idoso, os familiares e os cuidadores fiquem bem atentos ao relacionar o aparecimento dos sintomas e o uso da medicação, para informarem ao médico o mais depressa possível.

A inatividade pode ser um fator de risco para a depressão, assim como a inatividade em si já pode ser um sintoma de depressão. Explicarei melhor. Um idoso que era ativo, engajado no trabalho, em atividades familiares e sociais e, com o passar dos anos, vai abrindo mão de todas estas atividades, pode se sentir isolado e limitar suas atividades. Ficar sem fazer nada pode ser um fator de risco para o surgimento da depressão. Por outro lado, a inatividade, a falta de interesse em realizar tarefas e o isolamento social podem ser sintomas de que a depressão já está instalada.

Finalmente, familiares e profissionais devem se atentar para não confundir sinais de depressão com os sintomas iniciais de demência, o que é comum acontecer. Além dos sintomas da depressão citados no início do artigo, o idoso portador de demência também costuma apresentar lapsos de memória problemas ao realizar tarefas rotineiras, desorientação de tempo e espaço, mudanças de personalidade e de comportamento. Em ambos os casos é imprescindível buscar auxílio profissional e tratar o idoso com respeito, atenção, dignidade e acolhimento.

Fonte: Cuidar de Idosos - Psicóloga Luciene C. Miranda

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